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O que é experimentação?

Pela definição do dicionário, experimentação é o ato/ação de experimentar; experimentar é testar, provar, verificar algo através da experiência.

A Semana de Design foi um completo processo de experimentação. Conhecemos pessoas e novos abraços, provamos drinks e comidas diferentes, testamos ritmos e instrumentos, tivemos vários papos entre nós, conversamos com pessoas usuárias… Ufa! Quanta coisa aconteceu!

Sem dúvidas, foi uma semana de muitas vivências que nos trouxe bastante conhecimento. A conexão estabelecida entre as pessoas designers e os aprendizados adquiridos nos fez amadurecer como time e nos proporcionou mais alinhamento para avançar nos desafios propostos para este e os próximos ciclos no Jusbrasil.

Experimentando nós aprendemos mais, muito mais!

Precisamos nos despir dos nossos preconceitos, abandonar os nossos vieses e estarmos entregues à experiência para uma experimentação eficiente. Para trazer à tona grandes descobertas e gerar bons frutos, esse processo precisa ser pleno.

Pretendemos que todo o grupo seja orientado à experiência como caminho indispensável para a inovação. Por essa razão escolhemos esse tema como protagonista da nossa Semana de Design.

Continue por aqui para conhecer um pouco mais sobre experimentação. Vamos lá!

Quando experimentar?

Aqui no Jusbrasil reforçamos com frequência a necessidade de tomar decisões fundamentadas em dados, e sabemos que boa parte deles conseguimos obter através da experimentação.

A experimentação é parte inerente do processo de investigação. Quando estamos buscando respostas para algo, a experimentação é uma etapa necessária para alcançar o conhecimento desejado.

Desde a antiguidade, grandes estudiosos já debatiam sobre a importância do experimento. Aristóteles defendia que a experiência se baseava na observação natural – aliada à lógica -; Bacon, Descartes e Galileu, considerados  fundadores da ciência moderna, deram forma ao que, posteriormente, foi estruturado e ficou conhecido como método científico.

Tal metodologia é composta por regras básicas que devem ser observadas no desenvolvimento de um experimento e tem como objetivo produzir novos conceitos, revisar e aprimorar algum conhecimento já existente.

Professores de ciência, por exemplo, se utilizam do empirismo para auxiliar no processo de aprendizagem dos seus alunos. Incentivar o aluno a fazer experimentação através de exercícios vinculados aos sentidos, criação de protótipos, resolução de desafios, experimentos em laboratório, etc., são formas lúdicas de ensinar e de permitir a esses estudantes que eles sejam mais protagonistas dos seus conhecimentos.

Esse método de ensino, além de aumentar a capacidade de aprendizagem, estimula a formação de senso crítico, a criatividade e coloca o estudante em uma posição de maior participação perante a sociedade, pois eles passam a ser mais questionadores e, consequentemente, estarão mais orientados à investigação para encontrar respostas às suas dúvidas.

No Jusbrasil, fazemos experimentos para validar hipóteses que levantamos ao longo do processo de desenvolvimento dos nossos produtos.

A nossa experimentação costuma ter o objetivo de conhecer mais e melhor as nossas pessoas usuárias e, através disso, pensar em variadas possibilidades de ofertar novas soluções aos problemas enfrentados por elas.

Muitas vezes experimentamos a partir de uma solução já existente, com a intenção de refinar o nosso produto e torná-lo não só eficiente, porém, mágico. Queremos sempre construir produtos mágicos!

Além do experimento ser aplicado com essa intenção mais objetiva, de resolver problemas apresentados, gostamos de experimentar para gerar insights e criar conexões.

Métodos de experimentação e pesquisa

Os primeiros experimentos da humanidade partiram da observação dos fenômenos naturais. Pela ausência de instrumentos habilitados para fazer uma experimentação mais apurada, os sentidos básicos do ser humano supriam essa falta.

Aliada à lógica, a observação natural era a ferramenta que tornava possível experimentar e alcançar conhecimentos ainda não descobertos sobre questões universais.

Nos tempos atuais, desde que os métodos de experimentação avançaram e ganharam novas formas, a tecnologia também tratou de aprimorar os métodos já existentes. Além da experiência obtida através dos sentidos humanos, hoje, podemos realizar experimentos utilizando uma infinidade de recursos.

E para conhecer profundamente nossas pessoas usuárias e podermos desenvolver soluções extraordinárias e eficientes, é necessário fazer disso uma constante no dia a dia de toda a empresa, não apenas na área de Design.

A seguir temos alguns exemplos de métodos de pesquisa com pessoas usuárias mais utilizados em Design. É possível combinar diferentes métodos para testar hipóteses.

Vale lembrar que as pesquisas com pessoas usuárias são uma forma de construção de conhecimento e podem existir em diferentes etapas do processo de design. Assim, não precisam estar necessariamente vinculadas a um experimento.

Teste de Usabilidade

Os testes de usabilidade são experimentos que têm como ação principal a observação, pois necessita que a pessoa entrevistadora observe o comportamento da pessoa entrevistada enquanto esta executa as tarefas solicitadas, de acordo com um roteiro previamente elaborado.

Esse teste funciona bem para identificar com mais clareza as dificuldades enfrentadas pela pessoa entrevistada ao executar determinadas tarefas. Isso permite que decisões estratégicas sejam melhor embasadas, de modo que a priorização de demandas e melhorias estejam alinhadas às reais necessidades de quem utiliza o serviço.

Mapa de Calor

O mapa de calor é um método também baseado na observação, em que é possível analisar o comportamento das pessoas usuárias quando interagem com uma ferramenta digital, sites e aplicativos. Através desse experimento conseguimos identificar as seções mais acessadas pelas pessoas usuárias e onde mais clicam.

Estudando os resultados desses mapas de calor, em conjunto com outros dados, fica mais fácil entender elementos de mais interesse por quem usa um site ou ferramenta digital e, também, identificar pontos de melhorias para torná-lo mais claro, eficiente, intuitivo, etc..

Teste A/B

Saindo um pouco do foco dos métodos baseados na observação, existe o teste A/B, em que o experimento possui duas versões (podendo haver mais, a depender da necessidade – A/B/C ou A/B/C/D, etc) daquilo que se deseja testar. Pode ser uma interface, um botão, uma comunicação… Estas versões correspondem ao modelo atualmente utilizado (versão controle) e ao modelo adaptado (versão variante).

Para o sucesso desse teste, a pessoa que estiver conduzindo-o deverá direcionar, aleatoriamente, metade da audiência para versão A (controle) e a outra metade para a versão B (variante). Ao final do experimento, após analisadas as performances de cada versão, vencerá aquela que apresentar o melhor desempenho.

Entrevista com Pessoas Usuárias

Esse é o método de experimentação em que é possível explorar várias possibilidades, como validar uma ideia, descobrir novos conceitos e promover melhorias no seu produto a partir da conversa com pessoas usuárias do produto.

Por ser um papo mais aberto e passível de fuga do roteiro, a função de quem entrevista é deixar a pessoa entrevistada à vontade e livre para falar o que pensa sobre o produto, sem receio de ser julgada ou reprimida. Esse é o maior segredo para uma entrevista de sucesso, pois a pessoa usuária se sentirá segura para se expressar com franqueza e riqueza de detalhes.

Fazer entrevistas com pessoas usuárias e potenciais usuárias de determinado produto, em que elas participam de forma sincera e estão dispostas a contribuir apresentando suas dores, nos auxilia na compreensão e nuances dos desafios que enfrentamos para desenvolver soluções simples e eficientes.

A experimentação tem o poder de nos tirar da nossa zona de conforto, de nos abrir a mente para situações e ideias inusitadas. Para algumas pessoas pode ser mais fácil, para outras, nem tanto. O que vale mesmo é tentar, porque o saldo é sempre positivo.

Nosso colega Tom contou um pouco da sua experiência neste artigo aqui. Vale ir lá dar uma conferida!

Comunicação do experimento

Após finalizarmos o experimento, precisamos fazer o levantamento e análise dos dados coletados. O dado é a informação principal para se chegar a alguma conclusão sobre o problema estudado e seus desdobramentos; é a partir dos dados que o conhecimento sobre o problema será adquirido e o resultado do experimento será alcançado. 

É muito importante que todos os experimentos realizados sejam documentados e tenham os seus resultados comunicados para as demais pessoas da organização; tanto em caso de resultados bem sucedidos como de resultados mal sucedidos. Sempre aprendemos com qualquer experimento feito, independente do resultado.

Isso porque não interessa apenas o fim, bem como todo o processo preparatório e a etapa de aplicação do teste. Portanto, a cada estágio da experimentação poderá haver iterações e aplicação de novos conhecimentos. Assim acredita também a IDEO “Tech Box” London [2005].

A comunicação dos resultados do experimento é fundamental para a disseminação dos aprendizados. Essa multiplicação do conhecimento permite o surgimento de outras ideias e evita que os mesmos erros sejam reproduzidos na execução de um novo experimento.

Além disso, os resultados compartilhados servirão como fundamento de revisão e aprimoramento de mais produtos da empresa (ou, até mesmo, como inspiração para realizar uma experimentação direcionada a um objetivo específico).

Atualmente, temos um time em Design especializado em pesquisa (UX Research) e que tem difundido a cultura de documentação dos nossos experimentos. Independente de qual time esteja à frente de um processo de experimentação, a regra é sempre documentar em um repositório centralizado.

O time de UX Research está tão engajado nessa evangelização que já nomearam até um fiscal para o repositório de pesquisas do Jusbrasil (risos). 

Onde estamos?

De algum tempo para cá, temos buscado incluir no processo de experimentação todas as áreas que desenvolvem um mesmo produto. É interessante que não apenas as pessoas designers participem, mas também pessoas desenvolvedoras, de produto e outras que houver, para que estejam mais próximas dos problemas e envolvidas na resolução deles.

Queremos que todas as pessoas participem das discussões para que tenham mais entendimento sobre as complexidades e nuances de um determinado problema. Com essa visão, elas conseguirão participar mais ativamente das discussões e de toda a construção da solução.

Isso também funciona como uma forma de gerar entrosamento e alinhamento entre integrantes de um time. No final, teremos pessoas mais engajadas em desenvolver produtos mágicos.

O nosso caminho é longo. Sem dúvidas precisamos ainda diminuir certos bloqueios operacionais e culturais para tornar possível uma experimentação mais rápida e recorrente – internalizar, de fato, a cultura do aprender e errar rápido.

Quanto ao nosso Laboratório de Experimentação, que aconteceu durante a Design Week, teve como objetivo promover um ambiente para a inovação através da experiência. O nosso manifesto, inclusive, é preciso ao afirmar que:

Para inovar, é preciso aprender.

Para aprender, é preciso se inspirar.

Para se inspirar, é preciso observar.

Para observar, é preciso se conectar.

(trecho do Manifesto da Design Week 2023, por Alice Casimiro.)

Finalizada a Semana de Design, saímos com sede de inovação. Aprendemos muito ao longo desses 5 dias de experienciação. Fortes conexões, atenciosas observações e um mar de inspiração. Voltamos para nossas casas com novidades e bastante bagagem para fazermos essa inovação acontecer.

O momento agora é de desfazer as malas, revisitar esses materiais e colocar o aprendizado em prática. Mais ainda! Não só colocar o aprendizado em prática, como também compartilhá-lo com toda a empresa e comunidade de designers.

No mais, seguimos na construção do design do futuro.

Marissa Cerqueira

Content Designer | UX Writer | Design OPS no Jusbrasil